Enciclopédia Consensual Ilustrada: Mercado

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(Inauguro, com este post, a nova seção deste blog, em parceria com meu amigo e colega Christiano Balz, desenhista de primeira. A idéia para esta primeira entrada da Enciclopédia partiu - isto é, foi roubada - de uma fala de Carlito Azevedo, a quem vai dedicada).

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Mercado: Bebê gigante que governa os homens da Terra. Tem variações horríveis de humor, passando de calmo a nervoso em instantes. Quando seu nervosismo aflora, só é aplacado pela ação de meia dúzia de engravatados que quebram meia dúzia de países insignificantes, geralmente de população majoritariamente não branca, situados no terceiro sub-solo global - o que se costuma chamar de Terceiro Mundo. A calmaria, por sua vez, traz muitos benefícios para todos os bem-aventurados - leia-se, as nações cultas e bem desenvolvidas, o Primeiro Mundo. Atualmente, é objeto de culto de uma nova religião, o neoliberalismo, que tem como Dez Mandamentos o Consenso de Washington, e como bispo representante no Brasil, o Príncipe da Moeda, FHC, e a sua ideologia, o Petucanismo. Possui representantes em todas as áreas, em especial na mídia, que adora divagar sobre as suas alterações humorais e divulgar as benesses que produz. Mimado que é, quer toda a atenção para si, e por isso não se importa em se alastrar para todos os campos humanos, introduzindo seus métodos gerenciais no Estado, na cultura, na resolução de conflitos sociais, e mesmo no amor. O Mercado é a verdadeira democracia, aquela que premia os mais competentes. Não há vida fora do Mercado.

3 Comentários

Caro amigo, lá nos longínquos tempos da pré-Revolução francesa, quando aquela filosofia iluminista se insurgia contra o 'ancien régime', se desenvolveu a máxima: "Liberdade, igualdade e fraternidade". A tragédia é que tal proposição foi formulada pela burguesia em ascensão e que, no fundo, no fundo, só queria, mesmo, esta, ocupar o lugar da aristocracia. Ou pelo menos se igualar a ela. Daí o aplicar-se à liberdade o direito de se pensar e se dizer o que se queira, 'inclusive', e este é o cerne, no âmbito da economia. A idéia de que, o direito à liberdade seria a solução para as diversas opções religiosas, ou de formas de governo, ou de como se vestir, ou das opções sexuais, ou outras tantas, não foi a tônica predominante. Juntou-se liberdade com a esfera econômica. Onde se deveria juntar a igualdade. Daí veio Marx tentando consertar a merda. Mas já era tarde. Então, Inês já era morta. E do pai 'Economia' com a mãe 'Liberdade' nasceu o filho 'Mercado'.
Não sei se você concorda com esta teoria.
Mas em que buraco, hein, fomos entrar!


Josaphat: desculpa a demora em responder; andei meio afastado do blog, mas agora voltei. Concordo!: "E do pai 'Economia' com a mãe 'Liberdade' nasceu o filho 'Mercado'." O buraco nao tem fim: estamos nas maos dos managers, dos tecnocratas e da ' autonomia' do BC!

Abraco!


chama-me a atenção, do comentario do amigo josaphat, a liberdade sexual, comentada na sétima linha. os franceses realmente são mais liberos que outros ocidentais! hehe
voltando à questão de opinião, diria que o engodo referente à tríade (igualdade liberdade fraternidade), admitindo para ela qualquer interpretação que o leitor tiver (e não minha, comentarista, ou de nodari, 'bloguista'), não admite qualquer vínculo com qualquer significado das 3 palavras mágicas, mas cria uma flutuante idéia de discurso. Nada nova, eu diria, visto os mais rechaçados filósofos (sofistas) admitirem, mesmo por ironia, a flutuante verdade, e posteriormente o pragmatismo tão científico que deixa o pragmata sem direito à uma respiração profunda!!!
o mercado é tão flutuante quanto os conceitos pois é por eles alicerçado. para mim, MUITO leigo em economia, a idéia do aumento virtiginoso de valor agregado (como exemplo o mercado de ações) é uma reta nada paralela à realidade: vai encontrar e pechar-se com a realidade, e dela se desvencilhar se o engodo não continuar. ou seja, o mercado, a economia e a política vivem de engodos vindos da literatura, leitura, e interpretação, seja a ciência ou o cientista que for. ou filosofia ou filósofo que o valha


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"Direito de ser traduzido, reproduzido e deformado
em todas as línguas"

Alexandre Nodari

é doutorando em Teoria Literária (no CPGL/UFSC), sob a orientação de Raúl Antelo; bolsista do CNPq. Desenvolve pesquisa sobre o conceito de censura.
Editor do
SOPRO.

Currículo Lattes







Alguns textos

"a posse contra a propriedade" (dissertação de mestrado)

O pensamento do fim
(Em: O comum e a experiência da linguagem)

O perjúrio absoluto
(Sobre a universalidade da Antropofagia)

"o Brasil é um grilo de seis milhões de quilômetros talhado em Tordesilhas":
notas sobre o Direito Antropofágico

A censura já não precisa mais de si mesma:
entrevista ao jornal literário urtiga!

Grilar o improfanável:
o estado de exceção e a poética antropofágica

"Modernismo obnubilado:
Araripe Jr. precursor da Antropofagia

O que as datilógrafas liam enquanto seus escrivães escreviam
a História da Filha do Rei, de Oswald de Andrade

Um antropófago em Hollywood:
Oswald espectador de Valentino

Bartleby e a paixão da apatia

O que é um bandido?
(Sobre o plebiscito do desarmamento)

A alegria da decepção
(Resenha de A prova dos nove)

...nada é acidental
(Resenha de quando todos os acidentes acontecem)

Entrevista com Raúl Antelo


Work-in-progress

O que é o terror?

A invenção do inimigo:
terrorismo e democracia

Censura, um paradigma

Perjúrio: o seqüestro dos significantes na teoria da ação comunicativa

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Arte, política e censura

Censura, arte e política

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